terça-feira, 4 de junho de 2024

Poema do mês de junho - Construção de Chico Buarque

Construção

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acbou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

Chico Buarque

terça-feira, 7 de maio de 2024

Chá filosófico

Porque a Filosofia também se pode estender aos cursos profissionais, a turma do 10.º TD2 teve a oportunidade de refletir e conversar sobre a liberdade, na Biblioteca. Neste chá filosófico, mediado pelas professoras Ana Paula Seixas e Carmen Santos, para além do chá (que não poderia faltar), também houve bolo de chocolate que desapareceu em três tempos. Momentos que decerto ficaram na memória de todos os participantes.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Autor do mês de maio - ESAN

 




Poema do mês de maio - ESAN



Sou de vidro

Meus amigos sou de vidro

Sou de vidro escurecido

Encubro a luz que me habita

Não por ser feia ou bonita

Mas por ter assim nascido

Sou de vidro escurecido

Mas por ter assim nascido

Não me atinjam não me toquem

Meus amigos sou de vidro

Sou de vidro escurecido

Tenho fumo por vestido

E um cinto de escuridão

Mas trago a transparência

Envolvida no que digo

Meus amigos sou de vidro

Por isso não me maltratem

Não me quebrem não me partam

Sou de vidro escurecido

Tenho fumo por vestido

Mas por assim ter nascido

Não por ser feia ou bonita

Envolvida no que digo

Encubro a luz que me habita


Lídia Jorge

sábado, 27 de abril de 2024

Visita de uma escritora - EB Montebello


No dia 24 de abril, e no âmbito das comemorações do 25 de Abril na Escola Montebello, a escritora Cristina Pimentão apresentou o seu livro A menina do cabelo de muitas fitas e a corda dos sonhos. A escritora ficou encantada com os trabalhos pendurados em cordas, com desenhos e frases que os alunos do 3.º e 4.º anos prepararam para esta sessão. Foram respostas aos desafios lançados sob a forma de questões: o que é a liberdade? o que é ser livre? quais são os teus sonhos?... A partir daqui foi um sem fim de questões e reflexões feitas entre os meninos e a escritora. Ainda houve tempo para livros com autógrafos e dedicatórias.

sexta-feira, 26 de abril de 2024