1 de agosto de 1568
Querido Diário…
Hoje sinto-me triste, talvez um pouco
nostálgico, não sei bem. Em conversa com o meu grande amigo, Diogo Cão, ele
fez-me uma pergunta que me deixou bastante pensativo. “Afinal, que rumo queres
para a tua vida?”, perguntou-me ele. Sempre amei ser livre. Não ter que dar
justificações a ninguém, não me prender a nenhuma mulher e muito menos aturar
choros de criancinhas irritantes. Viajar para onde quisesse sem a preocupação
de ter uma data para voltar. Basicamente, viver para mim e só para mim. Mas
agora pergunto-me onde é que isso me levou. Sou um homem solitário, conto pelos
dedos das mãos os amigos que tenho e de família só me resta uma tia, à qual nem
sou muito ligado.
Sempre pensei que este estilo de vida fosse
um aspeto positivo na minha vida mas, agora, com o passar dos anos, as minhas
ideias começam a alterar-se um pouco. Conheço muitas pessoas sou muito bem
relacionado, mas, ao fim do dia, quando deito a cabeça na almofada, não tenho
ninguém. Ninguém para me aconchegar, para desabafar ou, simplesmente, para
ouvir.
Hoje, passados anos de desapego, e talvez
até de um pouco de desprezo pelas pessoas que realmente gostavam de mim,
arrependo-me. Arrependo-me de não lhes ter dado o devido valor, de não ter
constituído uma família. Graças a isso, hoje sou um solitário incapaz de amar,
com os pés já virados para a cova, sem ninguém, a não ser o meu fiel amigo, o
meu gato, que já me acompanha há muito tempo. Mas que posso eu fazer?!
Cátia Rodrigues – 12º LH1
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