domingo, 11 de novembro de 2018

Sugestão de Leitura: Wonderstruck o Museu das Maravilhas, Brian Selznick

 O primeiro elemento a reter, provavelmente, é o tamanho francamente assustador do livro. É o exemplo acabado do que significa a expressão "tijolo" aplicada às artes da edição! O segundo, se o leitor não fugiu a sete pés, será a capa, que remete imediatamente para uma adaptação cinematográfica. Haverá alguma coisa neste paratexto que não convide os leitores adolescentes a não ler? Alguns argumentos, se o mediador conseguir cativar a atenção de público tão esquivo, podem colher interesse... Em tom de desafio, a lógica da impossibilidade: este livro tem mais de 600 páginas e lê-se muito, mas mesmo muito mais depressa do que a maioria dos livros de 200. Quem embarcar nesta viagem vai certamente comprová-lo. Para além disso viverá a experiência rara na edição portuguesa, e ainda mais no universo juvenil, de ler uma narrativa híbrida, em que parte dela é contada através da ilustração e outra parte do texto. O americano Brian Selznick já se tinha aventurado com sucesso nesta experiência com A Invenção de Hugo Cabret. Para quem o leu, não é difícil encontrar semelhanças: o gosto pela informação histórica, o relevo dado ao insignificante e o espaço narrativo que é oferecido a pensar e a experienciar os sentidos. Se Hugo vivia entre o ritmo exacto dos ponteiros dos relógios, Ben e Rose foram espoliados da audição. A intriga desenvolve-se a par, o texto acompanhando a busca pelo pai de Ben desenrolada em 1977 a textual e a imagem seguindo Rose em 1927, quando decide fugir da clausura a que está condenada por ser surda. O Museu Americano de História Natural acolhe ambos e é lá que as duas histórias confluem, na terceira parte. Selznick convida o leitor a reparar nas insignificâncias que todos recolhemos e que se tornam preciosas para contarmos a nossa história, preservarmos as nossas memórias e revelarmos a nossa identidade.

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