segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Poema do mês

 

De que valeu

De que valeu aos mais a escapatória,
o palco, os veludos, as purpurinas?
Aqui combatíamos pela efémera glória
a troco de tafetás e popelinas.


Tivemos, porém, deste lado, a história
macerada de várias sortes, de várias sinas.
Um tempo insano cuja memória
se faz de medo e caixas de aspirinas.


Aquele que nos zelava e não dormia,
- Inventor do absurdo e da sordícia -
atulhou-nos as algibeiras com lama.


Sabia-se em Nova Yorque ou em Alfama,
que em Portugal o cárcere, as letras pela rama,
a côdea e a tabuada, já eram bastante pedagogia

José Rodrigues Miguéis

Sem comentários:

Enviar um comentário