sábado, 2 de março de 2024
sexta-feira, 1 de março de 2024
Poema do mês
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
25 de Abril, 25 poemas
Na quarta sessão de poemas de abril, foi lido na sala dos professores o poema "Liberdade" de Carlos Marighella.
Liberdade
Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”
São Paulo, Presídio Especial, 1939.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024
Poema do mês
Todas as cartas de amor são
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024
Passaporte literário
Esta atividade consistiu na leitura de um livro por cada um dos alunos da turma 8As, à sua escolha, e de acordo com a faixa etária, no âmbito da disciplina de Português. Posteriormente, cada elemento da turma preencheu os dados que constam do seu passaporte literário.
Os passaportes encontram-se expostos na biblioteca da Escola Secundária António Nobre juntamente com os respetivos livros.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
25 de Abril, 25 poemas
As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, "O canto e as armas"
quarta-feira, 10 de janeiro de 2024
25 de Abril, 25 poemas
Na segunda sessão dos poemas de abril, o professor António Domingos voltou a irromper pelas salas da Secundária, com o poema "Preso Político", de Fernando Assis Pacheco. "Olha bem que farás da liberdade: quando saíres, amigo, não me esqueças."
"Preso político
Quiseram pôr-me inteiro numa ficha.
O dia e a noite são iguais por dentro.
Não há papel que conte a minha vida
mais que estes versos de punhal à cinta.
A barba cresce, e cresce a voz armada
descendo pelos muros tão tranquila;
tão tranquila que já nem desespera
de ser apenas voz, não uma guerra.
Quiseram pôr-me inteiro numa ficha.
Não há papel que conte a minha vida.
Mais que estes versos, esta mão estendida
por sobre os muros só de medo e pedra.
2
Quando saíres, amigo, não me esqueças.
Fico à espera da tua novidade.
Olha bem que farás da liberdade:
quando saíres, amigo, não me esqueças.
Quero mais fazimento que promessas.
São de prata os enganos da cidade
com que outros sujeitam a vontade.
Não me esqueças, amigo, não me esqueças."
1966